segunda-feira, 18 de maio de 2009
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Théophile de Viau (1590-1626): + 2 traduções
Cette femme a fait comme Troie:
De braves gens sans aucun fruit
Furent dix ans à cette proie,
Un cheval n'y fut qu'une nuit.
§
Esta mulher me lembra Troia:
Resiste a dez anos de açoite
Por bravos guerreiros sem dó, e a
Cavalo se abre numa noite.
§§§
Je naquis au monde tout nu,
Je ne sais combien je vivrai,
Si je n'ai rien quand je mourrai
Je n'aurai gagné ni perdu.
§
Nasci completamente nu,
Sem saber quanto vou viver,
Se nada tiver ao morrer,
Não hei de ficar no preju.
o final da versão francesa do primeiro epigrama tem uma sonoridade exemplar: fut q'une nuit. não respondi a assonância mas, em compensação, criei um jogo de ritmo q ñ havia no francês: os dois versos centrais têm um ritmo mais pesado e forte (acentos nas sílabas 2, 5 e 8), enquanto o último verso, q desmonta a resistência da cidade-mulher, tem um ritmo todo desmontado pelo acento na quarta sílaba. o eco do verbo doer em dó, e a e a ambiguidade do verbo abrir-se no último verso apenas seguem aquele tom gregorial q as traduções d ontem já mostravam. // já a tradução do segundo epigrama guarda toda sua graça na última palavra, um quase anagrama da francesa q ocupa seu posto: perdu-preju.
terça-feira, 21 de abril de 2009
Théophile de Viau (1590-1626)
Tu dis que George est paresseux,
Ton discours est peu véritable,
Car il est toujours parmi ceux
Qui sont des premier à la table.
§
Se diz que Jorge é preguiçoso,
No que diz não há firmeza,
Pois ele foi sempre o que pôs o
Primeiro traseiro na mesa.
§§§
Un certain, sans grande raison,
Ecrit au dessus de sa porte:
Par cet endroit en nulle sorte
Le fou ne passe en ma maison.
Il faut donc, dis-je, que le maître
Entre chez lui par la fenêtre.
§
Um indivíduo sem noção
Escreve assim em sua porta:
“Por aqui, por minha mãe morta,
Louco não pisa esta mansão”.
Sendo assim, sem perda de tempo,
Pule a janela e dê o exemplo.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
máquina beleza
É meu peito navio,
São teus olhos o norte,
A quem segue o alvedrio,
Amor piloto forte;
Sendo as lágrimas mar, vento os suspiros,
A venda velas são, remos seus tiros.
lendo o Manuel Botelho de Oliveira (Música do Parnaso, 1705), achei seus Madrigais mais interessantes q a coisa toda. nesse, os tiros ecoam uma violenta experiência do cotidiano das cidades, q se mistura a uma errância subjetiva, labiríntica própria do diaadia. o seguinte tem a solução q adoro do arco-íris sintaticamente esfacelado. [máquina beleza é um sintagma involuntário, bonito, de um verso de Botelho: "Essa de ilustre máquina beleza".]
Se as sobrancelhas vejo,
Setas despedes contra o meu desejo;
Se do rosto os primores,
Em teu rosto se pintam várias cores;
Vejo, pois, para pena e para gosto
As sobrancelhas arco, íris o rosto.
domingo, 19 de abril de 2009
sábado, 21 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
louco, amar, mas ir com tudo,
mil e mais braçadas de mar
vencidas, contudo nada
além da pele fresca ao sol
fica de uma fresta de mulher.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
[Diálogos (tradução de Eloisa Ribeiro), p. 53-54]
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Fui buscar uma correspondência pictórica pro texto garimpado do Murilo Mendes / encomendado pela Irene / e escolhi, sempre, o óbvio: Ismael Nery, o pintor-amigo, o filósofo-profeta. Apesar do paradoxo. Era assim que Murilo o lia. (Não localizei as referências desta tela.)
A baleia é um cetáceo da família dos Balenídeos de forma quadradoredonda, cor de burro quando foge. Quem descobriu os abismos da baleia, animal bárbaro, barbado?
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A baleia: auto-suficiente, melvilleana, inexpugnável.
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A baleia caminhou três dias e três noites no oco de Jonas, restituindo assim a visita que o profeta fizera anteriormente ao seu próprio oco. A baleia aprofundou-se: viu, ouviu, cheirou histórias de arrepiar, coisas espantosas deste e do outro mundo, que os profetas sabidos conhecem, ruminam, difundem entre os homens e os bichos. Coisas, histórias rodando, evoluindo através dos tempos, elucidativas, oportunas em qualquer circunstância da vida individual ou universal.
Desde então a baleia, movida a óleo de autopropulsão, se auto-informa, se auto-espanta e não se comunica com pessoa alguma ou bicho. Construiu seu automuro. Reina soberana, sem vizinho ou confronto, sobre os mares e os mores, excluindo-se voluntariamente da carta das rações.
In illo tempore, quando tomei conhecimento da história de Jonas, sonhava em construir um moderno arpão para aferrar a baleia. Consultei a propósito um amigo de casa, o engenheiro Povoa. Ele, conversando com meu pai, disse que eu estava nos arredores de perder o juízo: “É alarmante essa preocupação contínua do seu filho com arpão e baleia”.
Ingênuo engenheiro Povoa: ignorava que tudo é alarmante; que todas as coisas são alarmantes; por sinal que a baleia não é das mais.
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A aorta da baleia é maior no calibre do que o tubo maior do sistema de encanamentos de Londres, e a água que ruge na passagem de tal tubo é inferior em ímpeto e velocidade ao sangue que jorra do coração da baleia.
(Poley, citado por Melville).
Poliedro (Roma 1965/66), 1972
domingo, 25 de janeiro de 2009
sábado, 24 de janeiro de 2009
pedra pensada de Adolfo Montejo Navas / a capa do livro é do Waltércio Caldas: não resisto à obviedade de imaginá-lo como correspondência visual da inscrição 14 com anti-sonhos (1975) / /// //