segunda-feira, 20 de abril de 2009

máquina beleza

É meu peito navio,
São teus olhos o norte,
A quem segue o alvedrio,
Amor piloto forte;
Sendo as lágrimas mar, vento os suspiros,
A venda velas são, remos seus tiros.

lendo o Manuel Botelho de Oliveira (Música do Parnaso, 1705), achei seus Madrigais mais interessantes q a coisa toda. nesse, os tiros ecoam uma violenta experiência do cotidiano das cidades, q se mistura a uma errância subjetiva, labiríntica própria do diaadia. o seguinte tem a solução q adoro do arco-íris sintaticamente esfacelado. [máquina beleza é um sintagma involuntário, bonito, de um verso de Botelho: "Essa de ilustre máquina beleza".]

Se as sobrancelhas vejo,
Setas despedes contra o meu desejo;
Se do rosto os primores,
Em teu rosto se pintam várias cores;
Vejo, pois, para pena e para gosto
As sobrancelhas arco, íris o rosto.

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