terça-feira, 22 de março de 2011
kataloki
hoje recebi meu exemplar de Kataloki, revista editada pelo Arnaldo Antunes, Nuno Ramos e Sérgio Papi em 1981. muita coisa boa pra se ver: os poemas vêm sem a assinatura do autor, que pode ser localizada num encarte todo desenhado a mão que vem em separado. gostei de muita coisa: gostei de conhecer mais poemas do Walter Silveira (será que se eu abrisse uma editora ele topava publicar um livro), gostei da presença do Mautner, do Waly, do Gilberto Gil, de alguns Titãs, gostei de ler poemas do Nuno Ramos daquela época, tão diferente, e dos cadernos do José Agripino de Paula.
sábado, 19 de março de 2011
estação de Todos os Santos
A estação de Todos os Santos foi inaugurada em 1868 e desativada, ao que tudo indica, em 1996. A foto da ruína da estação foi retirada do site Estações ferroviárias do Brasil e é, de fato, a paisagem que se vê da janela daqui de casa.
endereços de lima barreto
Esta semana, fiz uma dedução ainda não confirmada: a paisagem da janela do meu quarto dirige-se exatamente para as ruínas da extinta estação de trem de Todos os Santos. A duas quadras dali morou Lima Barreto. Hoje encontro mais informações: numa notícia veiculada pela FAPERJ em 2002, o pesquisador André Luiz dos Santos descobriu o endereço da moradia de infância do escritor. Na mesma matéria, uma lista das moradias durante a vida adulta, todas vizinhas a mim:
A imagem é do busto de Lima Barreto inaugurado na última semana na Rua do Lavradio, na Lapa. Retirada do blog piauinauta. (Parece ser Monarco ao fundo, que estava lá na inauguração para dar sua palhinha.)
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
Ricardo Aleixo
Do diário de leitura, um poema de Modelos vivos (2010), de Ricardo Aleixo.
Vão
o nenhum peso
da mão do amor
se espalma na pele
da parte do corpo flor
entreaberta
e explode
dentro afora
até tocar o claro
o escuro vão da alma
o coração o corpo
todo e o que
ele pode
Guardo aqui a boa postagem de Ricardo Domeneck sobre Aleixo, no modo de usar & co. E o blog do poeta. Abaixo, trecho da performance Nem uma única linha só minha.
terça-feira, 11 de janeiro de 2011
luzescrita entrevista
Para seguir documentando a última postagem, encontrei este vídeo com uma qualidade horrível e uma jornalista pouco informada entrevistando o Walter Silveira sobre a exposição Luzescrita. Vale por algumas informações sobre o projeto dos poemas.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
fotografia = luzescrita
Essa outra imagem de divulgação já sugere um poema do Walter Silveira pelo trabalho tipográfico de transformação do A em +, a jogar com a outra vogal que a acompanha na palavra, o I, formando os dois polos de uma pilha (a própria "caixa preta"): POESIA / FILHA DA PILHA. A pilha, ao que parece, dá (como a puta) energia, ou luz (luz é energia), pra tudo que é máquina, pra tudo que é poema. (Lembra de "máquina de comover", Le Corbusier via Cabral?) É, como um "poema conceitual".
Na sexta-feira assisti A lua vem da Ásia, em cartaz no CCBB-RJ desde o dia 6 de janeiro. Foi uma das melhores peças que já vi (eu que vi tão poucas), acho que pelo texto tão bom do Campos de Carvalho e pela atuação do Chico Diaz. Impressiona a dicção tão clara e expressiva do ator. São bonitas as pequenas passagens em que ele se insere no texto do Campos de Carvalho (ao mencionar sua idade ou o século de encenação da peça), um pouco levando à performance a peça. A segunda parte, vertiginosa, com muito texto falado, um cenário onírico, é muito bonita, é uma sequência muito forte, impressionante pela mistura de drama e humor. (Fico nesse comentário, mais para guardar aqui, em diário público, minha presença. Em palavras.)
Jornal Rascunho, Age de Carvalho
Neste mês, o jornal Rascunho traz uma entrevista com Ferreira Gullar, realizada pelo seu editor Rogério Pereira, e uma lúcida resenha (como sempre) de Marcos Pasche do livro Em alguma parte alguma (José Olympio, 2010). Há também uma resenha do Igor Fagundes, que gostei de ler ali. Uma boa surpresa foram os sete poemas novos de Age de Carvalho, um poeta que admiro, por muitos motivos. Não só pela imagem que guardo dos tão bons poetas paraenses e seu construtivismo filosófico (para usar uma imagem ainda capenga que teimo em preservar), com Mário Faustino, Max Martins, Age e Vicente Franz Cecim (entre outros ainda não lidos, como Sérgio Wax), mas também pelo jeito muito próprio, tenso e tipográfico, de o Age fazer os poemas. Fora muitos dos seus temas originais, como a série de cinco poemas em torno de uma trombose na perna, de Caveira 41 (Cosac, 7letras, 2003). Deixo aqui, sem direito, mas desejando divulgar, um dos novos.
ÚLTIMOS DIAS DE PAUPÉRIA
No chão do sonho
dormes na cozinha,
calça ruça-mostarda,
bolsa surrada de camurça
sob a nuca, voltada para Oeste,
onde faz semprenunca
lá fora,
de sábado a sábado -
é aqui,
agora, à boca dos fornos
onde
comes, cospes,
despertas ainda
sob a luma lugente
para o dia nenhum,
uma moeda de verdade contigo,
deitada,
a boca de lado.
Não acorda:
são teus últimos dias.
O que não quer
dizer nada -
o que
por si
só
já seria
o em-si do assunto
enquanto lavas
teu prato
e vês sentido
nisso.
quinta-feira, 6 de janeiro de 2011
entrevista com Jorge de Sena
Em 12 de novembro passado, foi divulgada na Internet uma entrevista com Jorge de Sena inédita desde 1972. Ela consta no site da rádio portuguesa Antena 2. A entrevista é longa, com mais de uma hora de duração. Ao final, lê um de seus poemas. Clique aqui.
Jorge de Sena viveu no Brasil na década de 1960, quando compôs dois de seus mais importantes livros, Metamorfoses e Arte de Música. Ainda está por se pensar os seus lugares irônicos nas literaturas portuguesa e brasileira. Estrangeiro em língua portuguesa lá e cá.
domingo, 2 de janeiro de 2011
crença
Não poderemos nunca ter grande poesia sem acreditar que a poesia serve a grandes fins. Nossa crença na grandeza da poesia faz parte vital da sua própria grandeza e é uma porção implícita da crença dos outros nessa grandeza. Morrer é diferente.
*
Terminou meu papo, eu não tenho mais papo não. Eu sou outsider; quanto à moda, eu prefiro a Gisele Bündchen, eu acho ela muito mais gostosa; quanto à década de 70, esse fóssil, eu me prefiro um míssil.
(Dois trechos do Waly [Salomão] em "Contradiscurso: do cultivo de uma dicção da diferença" [2001].)
Guenadi Aigui: lançamento
Não me lembro se no início de 2010 ou em fins de 2009 eu escrevi pretensiosamente à editora Perspectiva perguntando a respeito de um anunciado livro de tradução de poemas de Guenadi Aigui por Boris Schnaiderman e não obtive resposta. Pelo menos até hoje, quando vejo o livro lançado no site da editora pela coleção Signos: Guenadi Aigui: Silêncio e clamor. É só isso: marcação para mim.
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